Sob inspiração da filosofia revolucionária, do preconceito igualitário de Jean Jacques Rousseau, do materialismo histórico, de Karl Marx, de certas interpretações, mecanistas e automatistas, dos processos da evolução, erigiu-se em axioma a ideia da desvalia, ou, pelo menos, da insignificância da ação dos governos e dos indivíduos, na marcha dos acontecimentos e na direção da vida social. Certas forças, materiais ou coletivas, contêm o poder decisivo, a energia incontrastável, que dispõe da sorte dos povos e das nações. Os governos são meros produtos, no presente, da operação de tais forças; os indivíduos, órgãos ou instrumentos do poder mágico desses elementos, cegos e inconscientes...
É alheio a esta questão o velho debate do determinismo e do livre arbítrio. Nem o determinismo implica fatalidade, na ocorrência dos fatos e na successão dos acontecimentos, nem o processo mental de seleção das representações psíquicas, de formação da consciência e do juízo, nos indivíduos e na sociedade, importa, necessariamente, exercício do livre arbítrio. De parte esta tese de doutrina, a verdade iniludível, que o estudo da evolução humana demonstra, é que o estado atual da civilização é, em muito mais alto grau, produto da governação dos povos e da sua direção