D. Pedro I e D.Pedro II – acréscimo às suas biografias

com esse problema doméstico. É o que revela a seguinte minuta de carta sem data, em que à sua madrasta, a Imperatriz-Viúva D. Amélia, Duquesa de Bragança, residente em Lisboa, solicitou a indicação de uma senhora alemã em condições para o exercício do cargo:

"Muito lhe agradeço a sua última carta e nela vejo mais uma prova da amizade, que sempre procurará merecer quem tanto a respeita.

"Sempre julguei que seria tarefa dificílima encontrar uma senhora digna de dirigir a educação de minhas filhas, e por isso foi a minha primeira ideia rogar-lhe que dela se encarregasse; mas ainda não me convenci da inutilidade de semelhante medida, atendendo a que as Senhoras dos teus respectivos quartos(32) Nota do Autor, ainda que muito cuidadosas (honra lhes seja feita), não possuem o grau de educação que, mesmo na sociedade ordinária, se requer. O meu desejo seria tomar sobre mim este encargo, mas bem pode prever minha Mãe que o tempo que me resta de minhas obrigações não mo permitiria, e, além disto, não sou dos mais habilitados para lidar com Senhoras, principalmente com as desta casa, que, afora as ocasiões de serviço, vivem na mais completa ociosidade.

"Eis a pura verdade e diga-me se não tenho razão de desejar ter junto a minhas filhas uma Senhora em quem possa confiar também pelo lado da inteligência e polidez; portanto, ainda insisto no meu segundo pedido, e, além das condições que naturalmente lho (sic) ocorrerão, animar-me-ia a lembrar-lhe as seguintes: alemã, católica romana e religiosa, viúva e sem filhos melhor, — maior de 40 anos, sem pretensões nem direito a essas, de qualidade nenhuma, sem interesses na Europa, falando bem as línguas mais usadas, entendendo o português ou que venha depois de saber alguma coisa dele, para não estar sem ocupação quando aqui chegar, tendo gênio dócil e maneiras delicadas e conhecendo perfeitamente os diversos misteres em

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