PORTUGAL SOLICITA OS BONS OFÍCIOS DA GRÃ-BRETANHA
1 - A confusão reinante na mãe-pátria
O retorno de Portugal ao absolutismo não trouxera, como fora esperado, tranquilidade ao velho reino. D. João VI, transformado em caixa de ressonância das intrigas que se urdiam na Corte, oscilava e hesitava, como uma presa fácil, sob a influência das três correntes, cujas aspirações passaram a determinar a direção da política portuguesa, tanto internamente, como no exterior.
Essas correntes eram representadas pelos três homens que influenciaram o soberano, no momento crítico e decisivo da derrubada das Cortes: D. Miguel, o general Pamplona e o conde de Palmela. Cada um deles significava um princípio, expressava uma orientação partidária, consubstanciava um sistema diferente de diplomacia. D. Miguel, educado nas doutrinas autoritárias de D. Carlota Joaquina e da corte espanhola, era o transunto do absolutismo puro, autocrata enragé, interpretando a monarquia como uma expressão de autoritarismo integral. O general Pamplona - pouco depois agraciado com o título de conde de Subserra - era um oficial português que havia lutado ao lado da França, contra o seu próprio país e desempenhara, depois, um papel de extraordinário relevo durante a Vilafrancada. Era o chefe ostensivo e arrogante da facção francófila, advogando apaixonadamente uma aproximação maior e definitiva com a França, em detrimento da ascendência britânica, que se tornara tradicional na evolução política do