reino. Finalmente, o conde de Palmela, antigo ministro português em Londres, homem capaz e diplomata de muitos recursos, que liderava a corrente anglófila.
D. João VI, como cabeça da monarquia, não poderia escapar ao trabalho sub-reptício desses seus auxiliares diretos: D. Miguel, como chefe do Exército; Subserra, à frente do Ministério da Guerra e Palmela, responsável pela pasta do Exterior. Encontrava-se em Lisboa, igualmente, naquela época, tendo vindo para exercer o cargo de representante do governo britânico Sir Edward Thornton, antigo ministro de S. M. B. junto à Corte do Rio. Para completar o quadro de confusão da capital portuguesa, chegava a Portugal, pouco depois, uma curiosa personalidade que iria desempenhar, mais tarde, um papel de relevo nos acontecimentos políticos do país: o embaixador Hyde de Neuville, representante da França.
"Constantinopla nos anos da decadência do Império Bizantino, Pequim sob o governo da Imperatriz viúva", escreveu Marcus Cheke(1) Nota do Autor "nunca constituíram focos de intrigas mais febricitantes do que Lisboa em 1823. A Rainha votava ao novo governo um ódio ainda maior do que o que alimentara contra as artes. Relaxou-se a disciplina no exército, cujos comandantes adquiriram o gosto de lançar proclamações e de exigir a derrubada das autoridades. As tropas do conde de Amarante, agraciado com o título de marquês de Chaves, haviam regressado de Espanha e entrando em Lisboa, com os seus bonés coroados de louros, passaram a constituir uma espécie de Guarda Pretoriana que aterrorizava o pacífico Rei. Palmela e Subserra eram os dois únicos membros eficientes do Ministério, mas colhidos numa rede de conspirações e de contraconspirações, detestados, igualmente, pelos extremistas de ambas as facções, atacados