observou o historiador pernambucano, poupou-o de amargas decepções "porque das nações latino-americanas, por ele introduzidas na vida política, nenhuma, com exceção do Brasil, se mostrou imediatamente digna da honra que lhes fora dispensada. Nem comercialmente a América Latina - e aí não se excetua o Brasil - tornou-se o fertilíssimo campo de atividade, exploração e lucro que Canning devaneava, de harmonia com a maioria dos seus compatriotas". Da mesma opinião era o duque de Wellington, embora, dada a sua antiga e injusta hostilidade em relação a tudo que era realizado por Canning, seu julgamento deva ser recebido com reserva. O vencedor de Waterloo julgava que a luta pela conquista dos mercados latino-americanos, pelo fato de ter sido árdua e prolongada, havia trazido mais malefício, do que benefício, à Grã-Bretanha(12). Nota do Autor
Não se deve negar, entretanto, que a política executada por Canning - posta de lado a questão das vantagens ou desvantagens que pudesse ter oferecido - teve uma repercussão profunda e duradoura, tanto na Inglaterra, como no Brasil. Os efeitos que provocou, as consequências a que deu origem não foram de natureza periódica ou ocasional, mas, ao contrário disso, projetaram-se, através do tempo e das transformações sofridas pelos dois países, de forma a assinalar uma era nova nas relações políticas e comerciais dos seus respectivos povos.
No que diz respeito à Inglaterra, o resultado imediato, a consequência que poderíamos chamar de instantânea da diplomacia de Canning foi uma súbita subversão da ordem econômica interna, determinada pelo delírio de especulação comercial a que os negócios sul-americanos, e principalmente brasileiros, deram origem,