de Windsor para a sua última entrevista com o Rei. Quando deixava o Gabinete Real, um dos serviçais do castelo, que o viu, comentou com um amigo que "viu morte na sua aparência". Ao regressar à casa de campo do duque de Devonshire, foi direto para a cama de onde não havia de se levantar mais. No dia 3 de agosto, George IV enviou o seu médico particular a Chiswick para um exame meticuloso e final e o diagnóstico foi o de que Canning "estava sofrendo de uma grave inflamação do fígado". A Europa e a Inglaterra tinham os olhos voltados para aquele leito revolto em que agonizava o grande homem. No dia 6 de agosto, sentiu-se um pouco melhor e tentou transmitir algumas instruções a seu secretário, Stapleton, mas o que disse era inteiramente incoerente. Apenas a palavra "Portugal" era dita com clareza e foi repetida diversas vezes. No dia 7 entrou em coma, e na madrugada do dia 8 faleceu.
Canning, cuja carreira política fora construída sobre a base da reorganização da velha aliança anglo-lusa e da abertura da rota do Atlântico para a formação de diversos Estados independentes, através dos quais deveria se expandir a esfera de influência política e econômica da Inglaterra, morreu com o nome de Portugal nos lábios. E, aos que o assistiram na hora extrema da sua agonia foi proporcionado ver, ao lado de sua cama, sobre uma mesa onde se acumulavam papéis oficiais, o último despacho que redigira, como Primeiro Ministro: uma mensagem, longa, que a morte não permitiu que fosse revista, sobre o velho e fascinante tema da sua predileção - a sempre complicada, mas envolvente, situação política portuguesa.
“Londres, setembro de 1957.