George Canning e o Brasil 2º v.

5 - Enfermidade e morte de Canning

Dramática foi, contudo, a circunstância de que a maioridade do Brasil tenha coincidido com o ocaso da existência de Canning. Os seus cem dias de Chefia do Gabinete representaram o prêmio justo de uma longa e tempestuosa carreira política, quase toda dedicada ao Brasil e às Repúblicas da América Latina, tendo lhe sido reservada a satisfação de, antes da morte, poder ver a sua obra completa, com a família internacional acrescida de novas e promissoras nações.

Uma gripe que o acometeu, por ocasião do enterro do duque de Iorque, quebrou-lhe, porém, a resistência física, já gasta em excesso pelo abuso do trabalho e pela gota traiçoeira que o levava, frequentemente, à estações de cura em Bath. No dia 1º de março, conforme ele próprio o confessou, experimentou, pela primeira vez, em sua vida, os "horrores de uma noite inteira sem dormir". Dando pouca importância ao que recomendavam os médicos, e trabalhando cada vez mais, numa tentativa de organizar definitivamente o seu governo, passou a revelar na fisionomia sinais alarmantes de saúde precária. Com o intuito de proporcionar-lhe um período de repouso, fora da agitação política de Londres, o duque de Devonshire ofereceu-lhe a sua casa de campo, em Chiswick, para umas férias tranquilas. Ao saber do fato, Lady Holland, sua amiga íntima, intercedeu alarmada:

- Por favor, não aceite o oferecimento.

- Por que? perguntou Canning.

- Oh, eu tenho um pressentimento. Fox morreu naquela casa...

Canning deu uma gargalhada ruidosa e não emprestou maior importância ao caso. No dia 20 de julho mudou-se para Chiswick, e no dia 30 compareceu ao castelo

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