"Ilustre Sr. Cônsul Moisés Santivañez,
O povo brasileiro representado nos abaixo-assinados solidariamente responsáveis, no uso de sua alta vontade revoltada, vem intimar-vos para que abandoneis o governo ilegal que vos achais exercendo atualmente neste território, desbravado, habitado e hoje defendido por milhares de brasileiros, que até a vossa invasão aparentemente legal, viviam à sombra das Leis de seu país e nelas confiavam.
O povo e os poderes deste Estado têm sido por demais tolerantes, nessa vergonhosa questão, sancionada, é verdade, por um nosso desastrado ministro, sobre o qual não queremos nos pronunciar neste momento.
A violência de nossa vontade, tão patriótica e tão justa, não nos permite um longo argumento probatório dos nossos direitos; em toda a parte a imprensa e o povo o têm largamente discutido e ele está solidamente plantado na consciência nacional.
Essa posse é um insulto à nossa soberania, e nós bem sabemos que não sois o responsável direto; sois, no entanto, em razão de vosso governo, o elemento desse insulto que nós soberanamente repelimos, hoje e amanhã, seja preciso, muito embora, o sacrifício de sangue e de vida. Esperamos convictos que haveis de abandonar o mais breve e o mais convenientemente possível este lugar que o vosso ministro, o Sr. José Paravicini, batizou com o nome de Puerto Alonso e onde se acha estabelecida uma Aduana limitando as duas Repúblicas vizinhas.
Em desagravo à nossa consciência e para vossa honra de cidadão patriota, confessamo-vos que a vossa extrema prudência, apelando sempre para o patriotismo do governo brasileiro, nos deixa um pesar, que é o de não termos feito essa imposição ao vosso antecessor, o Sr. José Paravicini.
Sabeis, porém, que não fazemos questão de pessoas ou de atos, violentos ou justos, dos Delegados de vosso País, e sim, exclusivamente, da Posse boliviana desses grandes pedaços de rios e de florestas violados por um governo estranho.
Não tememos as responsabilidades que nos possam advir por essa intimação escrita que nos pedis - a nós que estamos à vossa frente - para vosso documento, sem dúvida, porque a fazemos na fé de patriotas, à plena luz