"A forma testamentária desse documento não nos obriga, entretanto, a proferir o juízo que os contemporâneos tenham já formado do papel político que D. Pedro II representou no Brasil. Essa tarefa incumbe, no nosso entender, à posteridade, que tem a perspectiva dos acontecimentos que nos falece a nós, e assim pode gravar o seu juízo inexorável e infalível.
"O que queremos apenas testemunhar, o que queremos assinalar com o maior relevo é que, no declínio da existência, nessa melancólica paragem da vida humana, em que se arrefecem todas as aspirações e ambições e a vida moral não se inebria mais com a voluptuosidade alentadora das esperanças, aquele venerando Ancião volve irresistivelmente os seus olhos já cansados para a terra que lhe foi berço, que ele ama estremecidamente, e deixa entrever o desejo de que aqueles, a cuja comunhão os destinos o acaso o fez presidir, julguem-no também pelas suas intenções, que foram límpidas como o cristal, pelo amor infinito que dedicou e dedica a esta terra; e do mais profundo do coração lembra, com as luzes da sua longa experiência, o caminho da felicidade, no qual quer ver encarreirado o "seu caro Brasil".