Justiniano José da Rocha (1811-1862)

Mais tarde, volta ao assunto: "A tarde estiveram cá o Josino, o Caxias e o Paranhos. Falei ao primeiro sobre a folha oficial, que é preciso tornar mais interessante e disse-lhe que, aprovando muito as ideias do programa do Diário Oficial, entendi contudo que ele devia defender os atos do Governo do modo que o programa permitia e já era meu pensamento, desde que, há anos, comecei a pugnar pela criação dessa folha. Recomendei-lhe também os extratos das folhas das províncias, que nada dizem das discussões das assembleias respectivas. Disse que pretendia ver quem se encarregasse de tal trabalho".

Mas Pedro II defendia em vão a orientação que lhe parecia conveniente ao órgão do Governo. Na questão Christie, o Governo justificou-se em artigo publicado no Jornal do Commercio e não no Diário Oficial. O Imperador, pelo que se lê no seu diário, em 30 de dezembro, disso não gostou: "O artigo do Jornal disse-me Abrantes que é do Paranhos, e apesar de achá-lo redigido de modo a mostrar que partira do Governo, produziu bons efeitos. Entendo que o artigo devia ter aparecido no Diário Oficial convenientemente redigido em atenção à folha que o publicaria".

Não conseguiu Pedro II fazer do Diário Oficial o órgão supressor das subvenções à imprensa e da corrupção dos jornalistas. Reduzido o Diário às condições de divulgador apenas dos atos oficiais, impunha-se a necessidade do recurso a jornais e jornalistas com influência na opinião pública, para defesa dos atos e da política do Governo. Não foi esse por certo o único propósito de moralidade que Pedro II viu com tristeza esvair-se como utopia.

Justiniano José da Rocha  (1811-1862) - Página 56 - Thumb Visualização
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