Relação de uma missão no Rio São Francisco

RELAÇÃO DE UMA MISSÃO NO RIO SÃO FRANCISCO

A Relação sucinta e sincera — que aliás se compõe de duas relações — do padre Martinho de Nantes, religioso capuchinho, é dos poucos depoimentos valiosos deixados por um estrangeiro que realmente conviveu com nossos selvagens. Sua própria ingenuidade, que transparece, quer no contato com os índios, quer no sério combate que teve de travar com um dos mais gananciosos e inescrupulosos latifundiários do Brasil, que foi Francisco Dias d'Ávila, fazem do seu relato um dos mais autênticos acerca da luta pela conquista do solo do Brasil.

A obra dos capuchinhos franceses foi, infelizmente, cortada pela situação diplomática que colocou o rei de França e o de Portugal em posições opostas. De nada valeu aos franceses alegarem o título de missionários apostólicos, designados pela congregação romana da Propaganda Fide. O rei Fidelíssimo, amparado em pareceres dos Conselhos Reais, fez valer os privilégios especiais concedidos à coroa portuguesa e à Ordem de Cristo pela Santa Sé. A conversão dos infiéis era a própria razão de ser da entrega aos cuidados da coroa portuguesa das terras do Brasil. Essa prerrogativa o rei considerava ameaçada pela presença de missionários estrangeiros, especialmente pertencentes a nações rivais na área da colonização.

As notas do prefaciador e anotador, o Dr. Barbosa Lima Sobrinho, que investigou com a tenacidade e a competência do costume as circunstâncias da missão de frei Martinho, valorizam extraordinariamente esta edição. O leitor dispõe de todos os elementos para um estudo profundo da ação do notável missionário.

A. J. L.

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