Cartas Baianas: 1821 - 1824. Subsídios para o estudo dos problemas da opção na Independência brasileira

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Maria Bárbara a Luís Paulino

Aramaré, 20 de outubro(1) Nota do Autor

Depois de ter escrito uma longa carta para ti, chega da cidade um ofício a Bento, de que te mando cópia. Vê que marotos. Sobre Bento, nada disseram; não puseram na gazeta, digo, no diário, os ofícios que deviam ir. E fazer agora esta patifaria! Eu não estou em mim. Mando-te também as cópias do papel que no dia 28 o cobarde e vil Rosado assinou e as respostas que ele deu ao teu ofício no dia 25, dia em que, todo junto com Doutel, fingiu [que] te esperava para te bateres com ele, pois te tinha desafiado. Eu só ficarei contente se lhe vir tirada aquela farda com que se adorna. Mas tua foi a culpa! Quando aquele vil, no dia 28, fez aqueles horrores de fraqueza e vileza, [se] tu o fizesses aparecer tal qual era, não deixaria ele sair-te e depois macular-te na tua honra, chegando a dizer coisas que pareceriam incríveis se não fossem ouvidas por gente boa. Ah, meu Luís, o fraco, o vil é sempre traidor. Quem poderia julgar tal depois de vê-lo quase moribundo, de vê-lo até cair sem poder segurar-se de medo? Mas de tudo, de tudo tem culpa o ladrão-mor Paula(2) Nota do Autor e todo aquele séquito de déspotas. Desafronta-te ou, aliás, eu tiro-lhe a vida. Sou capaz, não duvides.

Adeus, adeus, do coração te abraça a tua mulher, a tua verdadeiramente amante,

Maria

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