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Luís a sua mãe Maria Bárbara
Engenho Aramaré, 19 de fevereiro, às nove da noite(1) Nota do Autor
Minha cara mãe:
Depois de estar desenganado que aqui não tornava, Basílio aparece hoje finalmente, tendo decorrido onze dias. E muito e muito me alegrei com o ver as letras do pai. Chegou, enfim, e goza saúde; fiquei o mais satisfeito possível com tão boas notícias. Sinto dizer-me a mãe que ainda padece e me admira não ter cessado essa maldita febre. Talvez por algum navio tenha chegado boa água de Inglaterra e será bom tomá-la amiúde.
Por Basílio recebi 24$000.
Não posso, antes de tudo, deixar de me admirar ouvindo as novidades que por aí correm e receber eu uma carta da mãe que nada (pode-se assim dizer) me conta. E o que mais me admira é o mano Bento, que nem ao menos uma linha numa tira de papel... E então, em coisas que não são de brinco, pois, a haver como há outro comandante d'armas,(2) Nota do Autor eu devo-me apresentar ou alguém falar a meu respeito. Diz-me a mãe que me deixe estar, que cá verá isso, ao mesmo passo que diz que, havendo novidade, vai para Jacareacanga. Eu estou muito distante e preciso me diga se, com efeito, se falou, para eu partir imediatamente ou me demorar mais alguns dias. Na sua primeira carta datada de 12 de fevereiro, me diz estar o Bento com a inspeção e agora nada mais me diz, bem como ele que deveria supor ser para mim mui satisfatória