Fragmentos de cerâmica brasileira

pelo que pode ser descoberto e entendido no espaço cultural ocupado pela própria peça.

É o que se faz, no Brasil, relativamente ao acervo da arte marajoara, guardado nos museus e nas coleções particulares e sempre acrescido pelo que vai sendo descoberto na ilha de Marajó, em Santarém e adjacências. Contamos, sem dúvida, com alguns especialistas de indiscutível autoridade no assunto.

Felizmente, a primitiva arte cerâmica indígena mereceu estudos de apaixonados pesquisadores, que buscaram - nos vestígios de abandonadas aldeias, nos objetos domésticos, nos apetrechos de caça, nas cerâmicas de formas variadas, nas decorações - elementos capazes de avaliar padrões culturais indígenas.

A Amazônia ofereceu grande atrativo, em especial, o estado do Pará, que teve feliz oportunidade no campo da botânica, da arqueologia, da etnografia e pesquisas correlatas, atraindo cientistas, sábios e estudiosos. O ano de 1866 lembra a fundação da Sociedade Filomática, sem dúvida, o núcleo do futuro Museu Paraense, que, graças a Domingos Ferreira Pena, transformou-se em importante centro de pesquisas da região. Destaca-se o cientista suíço Emílio Augusto Goeldi, convidado pelo governador Lauro Sodré, que, durante treze anos, dirigiu o Museu Paraense, servindo-o com amor e eficiência e, assim, depois o museu recebeu o seu nome. O cientista atraiu para o estado do Pará numerosos especialistas na condição de colaboradores, e lembro Adolfo Dueke, que dava a visitantes valiosas lições. A biblioteca do Museu Emílio Goeldi é das mais ricas do Brasil, como o atestam os numerosos trabalhos publicados e o disputado Boletim do Museu, com as memórias.

Tive a alegria de conhecer, nas minhas muitas visitas ao museu, os estudos e alguns dos cientistas que honram esta cultura especializada. Participei, como membro do grupo organizado por Frederico Barata, dentro da área do Museu Goeldi, de muitas pesquisas, e muito conhecemos e aprendemos da admirável arte que a gente indígena deixou nos pequenos ou grandes vasos, nos zoomorfos, cariátides, cachimbos angulares e outros, e no segredo da muiraquitã.

Sentimos, assim, satisfação em conhecer o trabalho de Victor Zappi Capucci, figura respeitável de pesquisador e professor, autor de diferentes estudos, valiosos todos, sobre a temática em referência.

O presente Fragmentos de Cerâmica Brasileira é obra oportuna de especialista e marcará a ação do ilustre patrício nessa importante e particularíssima área de estudo. Seu confessado objetivo nesse trabalho, de que ora me ocupo, foi a necessidade de facilitar ao principiante "estudos e opiniões diversas sobre a nossa cerâmica". E observa que, ao tempo da descoberta, a maioria das tribos brasileiras fabricava artísticos artefatos de barro, embora prevalecesse como resultado

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