"dois na confluência do rio Anajás, margem esquerda, com o igarapé Frei Dionisio, nos lugares chamados "Tezinho" e "Guajará", nas terras da Fazenda Campo Lindo, atualmente de Teixeira & Cia.; cinco necrópoles, na margem esquerda do rio Camotins, afluente direito do rio Anajás, e dois na margem direita daquele rio, nas terras de diversos fazendeiros; dois aterros na fazenda Boa Vista, na margem direita do mesmo rio Anajás; no lago Arari, são notados dois aterros, sendo um chamado Pacoval, na margem do lago, junto à fazenda Severino, dos herdeiros do dr. Vicente José de Miranda, e outro nas terras da fazenda Diamantina, dos filhos de Luís Lobato, na ilha denominada Cuieiras. Estas necrópoles pertenceram aos índios arari, como as do rio Anajás aos selvagens da tribo dos anajá. Na ilha Macacão, sede da fazenda Laranjeiras, à margem direita do lago Guará, encontra-se um aterro que pertenceu à tribo dos índios marauaná; estes selvagens também possuíam outra necrópole menor, na margem esquerda do rio São Miguel; nos terrenos da fazenda Santa Maria, na margem direita do rio Camará, pertencente aos filhos de Francisco José Cardoso, existem três aterros dos índios caiá, de Monsarás; na fazenda Pacoval, nas cabeceiras do rio Pacoval, afluente esquerdo do rio Cururu, está colocada uma necrópole dos índios aruã, como na fazenda Monguba, de Benjamim Magno, no rio Cururu, há um aterro dos mesmos selvagens. Na fazenda Montenegro, de d. Bertina Miranda, e na denominada Naratuba, de Rodolfo Chermont & Irmãos, encontra-se uma necrópole em cada uma, outrora pertencente aos aruã; no igarapé Bacabal, afluente esquerdo do rio Ganhoão, os referidos índios possuíam um cemitério."
Angyone Costa acha provável que em Marajó ainda existam "tesos" riquíssimos em cerâmios na área intercalada entre os rios Ganhoão, Cururu, lagos Mututi e Assapão.
Os tesos do igarapé Camutins
O igarapé dos Camutins, afluente do Anajás, é famoso pela existência de inúmeros mounds situados às suas margens. Nesses mounds coroados de terra preta, abunda a louça do ameríndio, donde se deduz pelo solo e pelos despojos que os indígenas enterravam o defunto na mesma colina em que viviam. Este rio, ao contrário dos outros, cheios de meandros, é quase reto, levando os moradores da zona a supor que o solo das beiradas convexas, motivo das curvas, tenha sido levado para os aterros artificiais que depois se cobriam de cinzas, sobejos de cozinha, substâncias domésticas geradoras da terra preta. Curioso, entretanto, de notar é que os especialistas apenas se referem, ao tratar da cerâmica indígena de Marajó, ao cemitério do Pacoval de Arari, quando o cemitério do Pacoval do rio Cururu, também afluente do Anajás, é muito maior e menos mexido pelos exumadores de louça. Basta dizer que o mound de Arari tem de dois a cinco metros de altura, ao passo que o mound de Cururu chega a dez metros.(1) Nota do Autor