"exploração arqueológica levada a efeito nas ilhas de Marajó, Mexiana e Caviana, bem como no território do Amapa, entre 1948 e 1949. Realizaram seus trabalhos sob os auspícios do Departamento de Antropologia da Universidade de Colúmbia, em colaboração com o Museu Nacional do Rio de Janeiro, com o Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, com o Museu Territorial do Amapá. O autor deste trabalho teve a honra, como representante do Museu Goeldi, de participar das pesquisas arqueológicas levadas a efeito no centro de Marajó."
Relata-nos Hilbert em seu trabalho, parcialmente transcrito acima, que foi obrigado a utilizar-se dos Preliminary Results of Archaeological Investigations at the Mouth of the Amazon como fonte de referência suficiente para este seu estudo.
"Clifford e Betty Evans empreenderam uma investigação detalhada do grupo do Camutins. Contaram-se 21 tesos, que se distribuíam sobre uma faixa de dez quilômetros ao longo do igarapé: um grande 'teso-cemitério' de 225m de comprimento, trinta metros de largura e dez metros de altura, bem como dezessete 'tesos-povoados' rio acima, um outro cemitério situado em frente ao primeiro teso-cemitério e dois tesos-povoados rio abaixo a partir deste. Com três exceções, todos se achavam à margem esquerda. A distância entre eles varia entre oito metros e três quilômetros.
O menor teso-povoado (habitation site) não sensivelmente erodido media oito metros de largura e 25m de comprimento, erguendo-se de um e um metro e meio acima do nivel máximo das enchentes; o maior deles media 51m de comprimento, 35m de largura e 6,25m de altura. Cortes de estratificação indicam que o teso foi construido de um a três metros acima do nível máximo da enchente e então habitado, tendo as casas um chão de terra batida. Periodicamente esse chão de terra era renovado com outra camada de barro, dando um corte transversal variado à estratificação, no qual as camadas do chão queimado, contendo cinzas e cacos, alternam com cinco a quinze centímetros de barro estéril. O depósito mais profundo tinha 2,15m num teso-povoado com altura de 6,25m.
A forma mais comum de vaso nestes tesos-povoados é o de panela com paredes curvas, de fundo chato ou levemente arrendondado e interiormente alisado ou coberto com uma camada fina de argila (slipped), com muitas fendas; no exterior, trabalho grosseiramente a mão, com beiras arredondadas, com um diâmetro médio de boca de trinta centímetros e um diâmetro de base de doze centímetros. Enquanto essa forma permaneceu estável e padronizada, a louça de que é feita muda de um material duro, alaranjado-claro ou acinzentado, com núcleo cinzento e tempero grosseiro (Inajá plain) nas camadas mais baixas, para um material granuloso, friável, superqueimado, oxidado, alaranjado, com tempero grosso (Camutins plain) na camada mais de cima. O tipo anterior (Inajá plain) cai de oitenta porcento nas camadas mais baixas a dez porcento nas camadas mais altas, enquanto o outro (Camutins plain) mostra um aumento de seis a 85%. O material não decorado compreende de 92 a 98% do total dos cacos encontrados em todas as camadas e em todos os cortes estratigráficos dos tesos-povoados. Embora seja raro o material decorado, todos os estilos estão representados, e nenhuma distinção cronológica pôde ser estabelecida entre as técnicas elaboradamente decoradas de incisão, pintura, excisão (champ-levé), duplo revestimento (double slipping), ranhuras, adorno e retoque. Fragmentos de tangas, tanto do estilo revestido em vermelho (red slipped) como do estilo pintado, são encontrados em todas as camadas depositadas, sendo mais abundante a variedade com revestimento vermelho."
O último teso do grupo dos Camutins situado mais acima, e que foi visitado e pesquisado pelos Evans, é o teso chamado Inajasal