Fragmentos de cerâmica brasileira

(nº 15). É o sítio citado no relatório de Evans e Meggers como tendo uma altura de 6,25m, uma profundidade da camada-cultura de 2,15m, e do qual se deriva o nome do tipo da cerâmica designado como Inajá plain, do segundo tipo da fase marajoara (Camutins plain) e que se distingue pelas particularidades acima descritas.

Comparando-se os sítios do curso superior com os do médio e baixo Camutins, observa-se que aqueles possuem menor extensão e menor altura. Isto se poderia explicar pela sua própria disposição primitiva. Por outro lado, parece, no entanto, que os sítios em questão são mais erodidos que os demais situados rio abaixo. Demonstra isso o fato de que a maior parte dos tesos fica debaixo d'água durante a época das chuvas, sendo, portanto, apenas rudimentos de suas formas primitivas. Somente cinco sítios - Pau d'Arco, Aratengá, Urubu, Cuieiras e Furinho - acham-se acima d'água no inverno, e estes, mesmo assim, só com pequenas áreas de sua superfície.

Parece que essa redução data de pouco tempo e tem relação com a parcial mudança do aspecto hidrográfico do Camutins, a qual se observa desde alguns decênios. Antigamente, o rio possuía, segundo dizem alguns nativos, um leito relativamente profundo e contínuo, mesmo durante a seca. A pesca era abundante apesar de grande número de jacarés, hoje tão raros. No entanto, quando há cerca de trinta anos foi introduzido o búfalo aquático nessa região, o aspecto se modificou. Esse animal vive de preferência nas proximidades dos cursos d'água e passa a maior parte do dia dentro d'água. Frequentemente muda, dia e noite, de uma para outra margem, deslocando, deste modo, permanentemente, parte dos barrancos, com o seu peso, que em média é mais que duas vezes o peso de um boi. As consequências desse seu sistema de vida, entre a água e a terra, devem ser visíveis também na formação do próprio leito do rio, e isto é o que se verifica. O Camutins está-se obstruindo cada vez mais; hoje em dia, no verão, está parcialmente seco, e peixes maiores, como pirarucu, tucunaré, apaiari etc., estão desaparecendo.

Os próprios tesos, quase sempre situados à margem do igarapé, representam, por causa da vegetação mais rica, pontos especiais de atração para o gado de toda espécie e, dessa forma, estão particularmente expostos à influência devastadora dos cascos de animais. Não é de todo impossível que desta maneira, em combinação com o efeito erosivo das inundações anuais, pequenos sítios já se tenham nivelado.

A frequente ocorrência de zonas de casos entre os tesos encontra, deste modo, uma explicação plausível.

Relativamente à distribuição geográfica dos tesos, pode-se constatar que a grande maioria deles está localizada à margem esquerda, particularidade que já foi apontada por observações anteriores no baixo e médio Camutins.

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