ainda se possam selecionar pedaços capazes de permitir a reconstituição de muitos deles.
Fora desses bolsões é sempre difícil encontrar-se alguma coisa, declara Frederico Barata.
Assim, em Santarém-Aldeia se torna impossível ou pelo menos inútil qualquer estratigrafia. O material amontoado nos bolsões acha-se arbitrariamente misturado, reunindo, comumente num mesmo nível, cerâmica típica dos tapajó e outras também antigas, mas dela bem diferenciadas pelo estilo, bem como fragmentos de moderna olaria e até mesmo cacos de garrafas de cerveja.
Do mesmo modo, a cerâmica que se encontra fora dos bolsões é sempre em "terras-pretas" secularmente revolvidas por serem consideradas excelentes pelos lavradores. Quaisquer pesquisas estratigráficas terão de ser realizadas com êxito, provavelmente, para as regiões circunvizinhas de Santarém, onde a civilização não se desenvolveu bastante e onde as "terras-pretas", cobertas de vegetação antiga, talvez tenham sido menos mexidas e conservam a cerâmica nas camadas em que foi largada pelos índios.
E inegável, no entanto, que o abundante material coletado em Santarém-Aldeia oferece enorme interesse para a tipologia e para a melhor apreciação do estilo tapajônico, conclui Frederico Barata.
Embora em menor quantidade, este tipo de cerâmica é também encontrado na margem esquerda do Amazonas, não só na foz do Trombetas como na zona de Monte Alegre. Kurt Nimuendaju marca-lhe o limite mais ocidental em Parintins.
Examinando os ídolos de Santarém, Ladislau Neto concluiu pela sua origem mais recente que a dos ídolos de Marajó.
Embora as fisionomias sejam diferentes das destes últimos, há contudo afinidades, mormente nas orelhas e até certo ponto nos olhos e na forma do crânio. O toucado é, porém, diferente, pois se reduz a um pequeno diadema colocado sobre o alto da fronte ou na linha onde começa o cabelo, que aparece por trás, cuidadosamente penteado e dividido ao meio desde o pente ate a nuca. Os ídolos de Santarém têm a particularidade de possuir mais acentuados os traços da fisionomia humana, trazendo quase sempre braços e grandes ornatos, dois a dois, nos lóbulos das orelhas.
Afirmam alguns autores que a cerâmica de Tapajós é assimétrica, fugindo à harmonia das linhas. Raramente aí entra a pintura; os objetos têm quase sempre a cor do barro com que foram feitos, e a moldagem, segundo Angyone Costa, toma a estrutura do animal, em vez de utilizá-lo apenas como efeito pintórico. Domina, assim, neste tipo de cerâmica, a preocupação da forma de preferência à beleza da