CERÂMICA DOS RIOS TROMBETAS E JAMUNDÁ
No que tange aos achados de cerâmica localizados nos rios Trombetas e Jamundá, J. Barbosa Rodrigues de Faria, etnólogo da Comissão Rondon, escreveu uma monografia publicada pelo CNPI, sob o titulo A Cerâmica uaboí dos rios Trombetas e Jamundá, e que constitui mais uma contribuição para o estudo da arqueologia pré-histórica do baixo Amazonas.
Esclarece o autor que a tribo uaboí, primitivamente localizada no rio Trombetas, é a própria tribo jamundá colonizada na primeira metade do século XVIII pelos catequistas da Ordem da Piedade, na Missão de Piedade de Jamundá, que posteriormente passou a denominar-se Vila de São João Batista do Faro.
Em 1801, em virtude de uma rebelião, os indígenas dispersaram-se pelas selvas na região banhada pelos rios Trombetas, Mapuera e Jamundá.
É opinião do aludido etnólogo que as antigas estâncias dos indígenas estão sempre localizadas em solos de argila negra. Aí, nessas "terras-pretas", acham-se invariavelmente restos de sua cerâmica. Diz um refrão do povo da região do Trombetas, "Na terra preta há careta", frase alusiva às esculturas cerâmicas. Associa J. B. de Faria a existência da terra negra com a cerâmica e também com a indefectível proximidade de um lago, concluindo que a existência desta trilogia, terras-pretas, lago e cerâmica, se condiciona a fins essencialmente religiosos. Na sua opinião, as terras-pretas foram lugares sagrados onde se celebravam ritos propiciatórios.
J. Barbosa de Faria localizou as terras-pretas na região Amazônica em certos pontos do vale inferior dos rios Trombetas e Jamundá, sendo principais as seguintes: Caetano, Macaquinho, Macaco, Tapagem, Laranjal e Uaboí, este último à margem direita e aqueles à margem esquerda do rio Trombetas; todos à borda dos lagos homônimos.
Nas ilhas Paru, Jacopá, Bótoa ou São João e Uapê, há outro grupo dessas estações cerâmicas, assim como na costa norte do grande lago de Sapucuá, onde estão situadas as de Conuri, Coqueiros e Anjos.