Fragmentos de cerâmica brasileira

No baixo Jamundá, além de outros de menor importância, existe o depósito de Aldeia Velha, nas adjacências da Vila do Faro. Muitos dos sítios acima nomeados, desde fins do século passado, têm estado em poder dos seringueiros que os têm cultivado, tendo sofrido, em consequência, os respectivos depósitos profunda devastação.

As principais conclusões(1) Nota do Autor a que chegou J. Barbosa Rodrigues de Faria sobre a cerâmica da região do baixo Trombetas e Jamundá resumem-se nos seguintes itens:

1) Os índios uaboí foram hábeis ceramistas, mas jamais cultivaram a estatuária nem a arquitetura.

2) Sua cerâmica era confeccionada em uma pasta fina em cuja composição entravam já uma argila vermelha, já o caulim e a cinza de cauichi (esponja fluvial), abundante no rio Trombetas em certas épocas.

3) Estes ceramistas não usavam a escultura maciça, sendo sempre ocas as confecções deste gênero.

4) A arte plástica dos índios citados alcançou grande aperfeiçoamento estético, e a sua escultura teve finalidade essencialmente religiosa.

5) Quanto à decoração da cerâmica confeccionada por este povo, ela foi sistematicamente geométrica, adstrita aos motivos retilíneos elementares, com exclusão absoluta de delineamentos curvilíneos de qualquer ordem e também de figuras antropomorfas, zoomorfas e floreais. Apesar de limitados às mais singelas combinações da linha reta, os escultores de Trombetas, tanto quanto se pode exigir de uma arte rudimentar, nada deixaram a desejar como decoradores pelo bom gosto e habilidade com que compuseram as franjas "gregas" e meandros.

6) Na arte decorativa desta tribo empregava-se exclusivamente o relevo, sendo interdita a representação pictural.

7) O culto dos lagos como professavam os uaboí foi um princípio dogmático na religião dos chibcha, inerente à veneração de Bachué, totem da raça.

8) Entre esta tribo e os antigos povos do baixo Amazonas, houve assinalada concordância de doutrina teológica como comprovam:

a) a existência de "chunchos", isto é, depósitos cerâmicos ou lugares sagrados, em Santarém, Marajó, Maracá, Cunani e outros pontos;

b) as esculturas descobertas nesses lugares, representando a cabeça de condor, o batráquio e o phallus que foram ídolos dos uaboí.

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