CERÂMICA DE CAJARI
Vestígios de habitações no lago Cajari
Em princípios do século passado, o cel. Antônio Bernardino P. do Lago, no seu Itinerário da província do Maranhão, assinalava vagamente a existência de minas no lago Cajari, em cujas margens, dizia, encontravam-se vestígios de habitações, parecendo até alinhamentos. Raimundo Lopes, entretanto, na sua memorável conferência Civilizações lacustres no Brasil, realizada em 1923, sob os auspícios do Museu Nacional, considerou esses alinhamentos inexistentes. Mas o fato é que a história e a tradição ignoram a existência dos povos cujos vestígios aparecem na baixada Maranhense nas proximidades da vila de Penalva. Esta vila originou-se de um antigo aldeamento de índios gamela, posterior à expulsão dos jesuítas. O que parece mais certo é que Cajari não foi a princípio colonizada pelos padres e que, dos esforços para a catequese dos guajajara, resultou em 1684 a aldeia de Maracu, origem da cidade de Viana.
Em favor da antiguidade da cerâmica das estearias, Raimundo Lopes cita o encontro, em terras do engenho de São Bonifácio, próximo de Viana, de alicerces e vestígios coloniais, bem como de cerâmica grosseira em nítido contraste com a das estearias, o que é a melhor prova da anterioridade destas.
Existem outras estearias no Maranhão, além de Cajari: a do Encantado, a do igarapé do Florante, a da volta do Armindo, a dos lagos do Jenipapo e do Caboclo [os quatro últimos no vale do rio Turiaçu].
Raimundo Lopes iniciou suas pesquisas no lago Cajari em 1919(1) Nota do Autor, e em novembro do mesmo ano, graças a uma seca excepcional, pôde apreciar bem os aspectos de suas estearias, assim denominadas