CERÂMICA DE MIRACANGUERA
Ao deixar a cidade de Santarém, subindo o rio Amazonas, chegamos a lugares em que foram descobertos numerosos túmulos e vestígios de antigas habitações. O mais conhecido desses lugares é Miracanguera (Miracan + uera = "ossada de gente antiga", na linguagem dos tupinambá), situado à margem esquerda do Amazonas, aproximadamente a quatorze milhas acima da cidade de Itaquatiara, antiga Serpa. Nesse local, Barbosa Rodrigues fez, por volta de 1870, achados extraordinários de urnas funerárias com a forma de seres humanos. Segundo Nimuendaju, Miracanguera está atualmente destruída pela ação das águas fluviais.
Nesta mesma região e em muitas outras entre Santarém e o rio Madeira, Nimuendaju fez uma porção de achados importantes. É evidente que a civilização de Santarém influenciou fortemente as regiões do alto Amazonas; mas, como ali se encontram muitos objetos absolutamente estranhos a esta influência, aquela não foi a única. Em Miracanguera, do mesmo modo que na embocadura do grande rio, é corrente o enterramento secundário em urnas.
Domingos Soares Ferreira Pena, descrevendo em 1877 sua visita a Miracanguera, fala-nos no achado de artefatos de barro isolados uns dos outros, dilatando-se aquele cerâmio por uma extensão de cinco milhas.
O seu material se compõe de uma argila fina levemente corada, contendo diversos ornatos; a parte externa é revestida por uma camada de tinta branco-alvaiade, que lhe dá uma aparência de porcelana simplesmente polida. As suas urnas são antropomorfas. Goeldi julga ter a cerâmica de Miracanguera algum ponto de contato com as de Marajó, Maracá e Cunani.
Cerâmica do rio Tefé e cercanias
Nesta região, sobretudo em Coari, foram encontradas algumas peças de cerâmica bem interessantes. Ali vivia a poderosa nação dos Jurimagua, cujas mulheres sempre se destacaram pela perfeição da