elas passaram a oferecer aos lavradores vantagens excepcionais, como se se tratasse dessas que os povos modernos oferecem aos imigrantes, quando pretendem povoar, sistemática e mecanicamente, uma determinada região.
Assim, porém, que eles acudiram ao chamamento, e o trabalho do campo se intensificou, os proprietários foram diminuindo as regalias concedidas, aumentando os tributos, cerceando as prerrogativas dos trabalhadores. Muitos chegaram, mesmo, a banir os lavradores. "Quando a conquista assegurou a posse definitiva do solo, esses mesmos monarcas fecharam os olhos às extorsões dos grandes proprietários nobres, que afoitamente se apossaram de grandes pedaços de terras, expulsando os pobres desprotegidos das propriedades, que, anteriormente, lhes haviam sido distribuídas.
Assim aconteceu, a partir de D. Sancho II.
O peão, o batalhador da nacionalidade portuguesa, volta ao trabalho das terras dos grandes domínios, pelo arrendamento. Para viver parcamente e poder sustentar a família, alugava as terras para as granjear.
O molho para a boroa negra de todo o ano era uma quota diminuta das fartas rendas pagas ao senhor das terras, e as alfaias da lavoura eram fabricadas por conta do mesmo caseiro, em detrimento dos apoucados restos deixados pelo feliz senhorio".(4) Nota do Autor
Daí a fonte de aborrecimento dos homens do campo, que, supondo-se forros ao jugo e à exploração, com a retirada da mourisma, caíam noutro jugo e noutra exploração, desta feita às mãos dos próprios senhores portugueses, dos fidalgos enervados pela facilidade dos lucros sem trabalho.