Pontos de partida para a história econômica do Brasil

Não resta dúvida de que, por toda a Europa, o regímen feudal impunha essa escravização do camponês ao proprietário da terra; mas, ali, em Portugal, a exploração do homem teve a agravá-la, sobre o largo domínio do árabe, a elaboração política e econômica que se lhe seguiu.

Ainda no século XII, os agricultores, ou colonos, continuavam na mesma situação do século XI. Eram os homens de criação, e os filhos seguiam a condição paterna. Conforme as escavações de Alexandre Herculano, quando o Conde Henrique e D. Thereza doam à Sé de Braga o Mosteiro de Santo Antônio, salientam que o fazem cum suis hominibus et cum suos filios; e o Infante D. Henriques, doando varias herdades à mesma Sé, declara fazê-lo sive cum servis, sive cum junioribus, sive cum ingenuis quia ad regem pertinent.

Era, portanto, o homem, já às portas do século XIII, um simples acessório das terras pertencentes aos nobres. E Herculano escreveu: — "A ideia de colono é, em relação ao domínio, à propriedade, equivalente à ideia de gleba. Na linguagem vulgar, e ainda na legal, empregam-se indiferentemente os vocábulos e frases que representam uma ou outra".(5) Nota do Autor

Registrou-se uma certa evolução no fim do século XII, mas, em verdade, se o adscrito à gleba se transforma em colono livre, essa transformação não lhe melhora as condições de vida. É uma servidão que se declara voluntária, porém nada exime o lavrador à servidão e ao senhor. É o foreiro incluído na classe dos juniores.

Do ponto de vista das regalias individuais, não se pode negar que "vasto sistema de colonato, que sobe desde a locação até a quase-enfiteuse" redime o antigo pária da sua antiga escravidão. O próprio Herculano reconhece, porém, a verdade que acima sustentamos: — "Antes de descrever a situação da classe popular mais elevada estabelecemos o grande fato da emancipação do

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