Vale recordar que ele foi a primeira tentativa sistemática de uma história econômica do Brasil; isto lhe atenuará as deficiências e omissões que o avisado leitor lhe haja de apontar. Antes dele, todo o material estava disperso, e para o reunir tive que ir aos arquivos, às bibliotecas, onde se guardam, com as monografias e relatórios elucidativos, as crônicas dos viajantes, as cartas régias, os regimentos e as provisões dos tempos coloniais.
Foram, portanto, estes capítulos, "pontos de partida" para outros estudos de mais alto bordo, a que, depois deles, se têm dedicado tantos de nossos mais eminentes investigadores, a cuja frente desejo colocar aqui o saudoso brasileiro Pandiá Calógeras, o Sr. Afonso de Taunay, o Sr. Rodolfo Garcia, em seus comentários e notas a Varnhagen, e, finalmente, Gilberto Freire, em seus profundos ensaios sobre as origens do Brasil, e Roberto Simonsen.
Conservar o feitio do livro, todavia, não quer dizer que o tenha conservado sem modificações e pequenos acréscimos que se tornaram necessários. Isto, porém, sem demasias, sem cálculo, naturalmente, em notas à margem, que julguei de meu dever ir-lhe apondo à medida que, para o entregar aos editores, tive que fazer uma leitura atenta e demorada das suas páginas, das quais vinha distanciado há muito tempo.
Antes de encerrar estas palavras explicativas, desejo fazer uma confissão. Com o tempo, a meditação e novas leituras, muito se atenuaram em meu espírito as restrições que nestes volumes repontam aqui e ali relativamente à ação colonizadora de vários governantes portugueses.
Não que pretenda negar certas deficiências do processo colonizador, a displicência e gana da Coroa, a evidente descontinuidade das medidas governamentais, a política tentacular de tantos governadores e capitães-mores, a ânsia de enriquecer e os meios nem sempre razoáveis e humanos de que lançaram mãos muitos colonos. Seria desmarcada falta de decoro intelectual negar tais fatos quando