se enriquecerem, deixando em segundo plano os princípios da moral e até os sentimentos de humanidade".(14) Nota do Autor
Não convém, todavia, desprezar uma das causas econômicas da não organização da agricultura no Brasil colonial dos primeiros tempos, e a que aludimos linhas acima.
Muito depressa o conquistador transformou em ódio a estima dos selvagens, aprisionando-os, separando-lhes as mulheres e os filhos, como teremos de ver noutro capítulo. De sorte que, de vez em quando, as tribos indígenas caíam violentamente sobre os povoados e incipientes lavouras dos colonos, destruindo-as. Ora, plantar em larga escala, sujeitos a essas investidas, representava-se-lhes uma loucura. Se era necessário defender os próprios engenhos, como contar com a garantia de imensas plantações, beirando a floresta, sempre enigmática e misteriosa, como o natural abrigo do selvícola?
Já em 1548, el-rei, mandando que se dessem as terras das ribeiras a pessoas "que tenham posses para estabelecerem engenhos de açúcar ou outras cousas dentro de um prazo que lhes será assinado", impunha, como condição dessa doação, que se levantassem "neles torres ou casas fortes para defensão dos mesmos engenhos, e povoação dos seus respectivos limites", e, ainda mais, que os engenhos fossem "assentados na proximidade das vilas, para sua mais fácil defesa".
Era, pois, absorvente a preocupação dos ataques, pelos índios, e nada poderia resistir menos, e de fato não resistia, às correrias dos índios que a lavoura, de tão fácil destruição.
Outra disposição dessa época impunha a cada senhor de engenho ter, ao menos, quatro berços, dez espingardas, dez bestas, dez lanças, 20 espadas, 20 corpos darmas de algodão além das munições indispensáveis.