É daí que nascem os núcleos agrícolas, e pastoris, que mais tarde deveriam expandir-se, a despeito de todas as crises e desse desinteresse inicial do colono pela agricultura.
Desgraçadamente, essas providências, e outras, que se lhe seguiram, não puderam evitar que a evolução agrícola dessa fase do alvorescer da nação fosse tão lenta. A lei anulava-se diante de vários obstáculos, entre os quais não seria o derradeiro a frouxidão da própria Corte portuguesa e da Coroa, interessadas nos negócios lucrativos, sem cogitar de tal evolução. Podem-se apontar, após um minucioso cotejo dos fatos, sine ira nec studio, três novos elementos determinantes desse estado de cousas:
— a qualidade da maioria dos colonos;
— o regímen de pirataria e de gananciosidade que os dominou, desde logo;
— a falta de braços.
Enquanto não se resolvia este problema, no seio da mais lamentável confusão, preparava-se um outro elemento destinado a empecer o incipiente ensaio da agricultura brasileira: — a corrida para as minas.
Nós passaremos em revista cada qual desses elementos, e então se verificará que nem sempre a culpa do fracasso é do governo metropolitano, nem sempre dos colonos, e que, no cômputo dos erros e fraquezas de um e de outros, o passivo dos últimos é mais onerado que o do primeiro.
Manda a justiça, repetimos, não esquecer o cenário onde esses degredados ou aventureiros vinham tentar a fortuna: cenário agressivo, de natureza virgem, de florestas impenetráveis, onde cada aldeia que se erguia tinha ao redor dezenas de tabas de selvagens, e onde os reptis e as feras exigiam tais tributos que, de uma época já distante, quando da invasão holandesa, e da estupenda retirada de Mathias de Alburquerque sobre Alagoas, com o povo pernambucano, Fernandes Pinheiro podia escrever: "Dilaceravam os cardos e os espinhos os delicados pés das mulheres e das