História da queda do Império 2º v.

não se deixar dominar pelo sectarismo doutrinário ou pela paixão política de que fazia praça naquele momento, e guardar um pouco o decoro, já não diremos de si próprio, mas da cerimônia em que haviam consentido que falasse. "Insólita provocação, diz Alberto Rangel, e com tanto menos elegância quanto era feita à vista de oficiais e guardas-marinhas estrangeiros, pondo-os, assim, numa situação de real constrangimento".

Como era de esperar, dado o ambiente deteriorado que já reinava na Escola, esse discurso foi acolhido com ruidosas manifestações de aprovação por parte dos alunos ali reunidos, aos gritos de Viva a República...do Chile!" - "desdobrados esses gritos, diz Rangel, numa pausa intencional, para bem marcar o efeito da incitação que o Tenente-Coronel e professor semeara para assanhar aqueles moços". Rangel acrescenta que o Governo não se sentiu com forças para "fazer recolher a uma fortaleza o oficial excitável e belicoso, que expandia as arrufagens das Forças Armadas em tão imprópria ocasião"(418) Nota do Autor. De fato, Benjamim nada sofreu. Ou porque o Governo não se sentisse com força moral para puni-lo, ou porque receasse que uma punição pudesse provocar represálias por parte dos militares, toda a reação do Governo se limitou à atitude do Ministro interino da Guerra, retirando-se ostensivamente do recinto sob os olhares estupefatos dos presentes. A ausência de um corretivo para tão escandaloso espetáculo só serviu, como era, aliás, natural, para provocar outras manifestações do mesmo gênero. De fato, três dias depois desses incidentes na Praia Vermelha, os mesmos alunos da Escola Militar dirigiam uma mensagem a Benjamim, dizendo que o Império não passava de "uma banca de jogo", e o Imperador de "um espectro de Rei". E terminava:

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