"Ao entrar a bordo do Parnaíba [o Tenente França], encontrou eles sentados, em semicírculo, o Senhor Dom Pedro de Alcântara e quase todos os membros de sua Família. Achavam-se todos pálidos. A consternação, a angústia profunda, manifestavam-se visivelmente em todas as fisionomias. Dom Pedro de Alcântara, se bem que muito impressionado, conservava-se aparentemente tranquilo, e sua cabeça, parecendo não querer curvar-se ao peso da idade e da impressão angustiosa que o dominava, mantinha-se levantada, ostentando altivez e nobreza de caráter. Acercando-se do grupo que se achava no tombadilho, o Tenente França curvou-se respeitosamente, mas sem exagero, e disse o seguinte ao Senhor Dom Pedro de Alcântara:
- O Governo concedeu-me a honra de vir respeitosamente, depor nas vossas mãos o documento que aqui apresento.
- Que Governo? perguntou Dom Pedro, mostrando absoluto desconhecimento por tudo quanto se passava.
- O Governo do Brasil, repetiu simplesmente o oficial.
- Mas esse documento que é? perguntou Dom Pedro, hesitando em receber a Rolha de papel em que Rira lavrado o primeiro decreto dos Estados Unidos do Brasil(847) Nota do Autor, e que lhe oferecia de braço estendido o encarregado dessa missão espinhosa.
- Este documento, contestou-lhe, é o decreto que regula o futuro de vossa Família.
- O decreto que regula?... perguntou Dom Pedro em dúvida.
- O futuro de vossa Família, acrescentou o portador do Governo, completando a sua primeira frase.
Em seguida, vendo que o Senhor Dom Pedro de Alcântara hesitava ainda em aceitar o papel que lhe era estendido, acrescentou o Tenente França, com entonação convicta:
- Podeis, senhor, aceitar essse documento; ele é muito honroso para a vossa pessoa.
Foi então que o Senhor Dom Pedro de Alcântara se decidiu aceitá-lo, proferindo a seguinte frase:
Está bom, dê cá.