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Os positivistas e a República
Tem-se querido atribuir aos positivistas brasileiros um papel preponderante tanto na propaganda quanto na implantação e organização da República. Ora, há nisso um grande exagero. Que a pregação positivista, tal como foi feita nas Escolas militares por Benjamim Constant e uns poucos mais, haja concorrido para republicanizar uma parte da mocidade militar de então, é um fato que não pode ser honestamente contestado; como é igualmente verdade que o Positivismo, como doutrina ou filosofia política, converteu ao republicanismo muitos de seus adeptos civis. Foi tudo. Mas isso não basta para atribuir aos nossos positivistas um papel que seguramente não tiveram na mudança de regime político que se operou no Brasil em 1889. Ainda porque a concepção republicana dos discípulos de Augusto Comte era uma coisa muito discutida, inclusive entre eles próprios, divididos que estavam não somente nesse particular como na aceitação e na aplicação da própria doutrina.
Veja-se, a este propósito, o caso de Benjamim Constant, dos positivistas brasileiros o único que teve um papel preponderante na implantação da República. Ora, é um fato hoje sabido que ele sempre relutou em aceitar a pregação doutrinária de Miguel Lemos, chefe espiritual