Feijó e a primeira metade do século XIX

CAPÍTULO XXX

O FIM DE UM VARÃO DE PLUTARCO


Era em São Paulo, na rua da Freira, no dia dez de novembro de 1843!

Entardecia e sol, que na sua trajetória diuturna pelo céu límpido de verão fizera do vilarejo planaltino uma abrasada fornalha, ia já mortiço do declínio morno de um crepúsculo dorido, pintando o horizonte de matizes vivazes de goles, em fundo azulino plúmbeo das serranias silhuetadas ao longe.

Na casa térrea de taipas, pelas rótulas entreabertas, penetravam os reflexos dessa última claridade, em confusão com a luz vaga e dançarina de um candeeiro de óleo de mamona, dependurado ao centro de uma ampla e desnuda sala, cujos cantos se enegreciam de sombras trevosas, que buliam macabramente às oscilações do pavio influenciado pelo vento, às vezes a sibilar choroso pelas frestas das janelas de guilhotina.

Um catre largo, com a cabeceira encostada na parede encaliçada e lisa, onde se prendia um negro crucifixo a lhe quebrar a alvura, continha deitado um homem estirado.

Rosto escaveirado, caquético e amarelecido, de pele empergaminhada sobre os ossos ressaltantes,

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