40 milhões de pessoas que falamos uma língua transplantada há quatro séculos para um novo meio, onde tem estado exposta aos influxos modificadores de clima diferente, de ambiente diverso, sofrendo ainda o contato íntimo de dois grupos étnicos e glóticos estranhos. Nossa língua ter-se-à transformado, da mesma forma que o português falado em Portugal no século XVI se alterou apenas pelo impulso genial da evolução das línguas, apesar de não ter estado em contato com fatores externos de modificação.
2. O português do século XVI é o ponto de partida de uma evolução divergente. Enquanto em Portugal se modificava num sentido, no Brasil, envolvido por fatores mesológicos étnicos e geográficos radicalmente diversos, orientou diferentemente a sua evolução.
É o que Eduardo Carlos Pereira chama um amplo triângulo cujo ápice é o século XVI e os lados o falar brasileiro e português. Os lados, partindo do ápice, cada vez mais se afastarão.
Contra a opinião dos que negam o dialeto brasileiro, opinião que vai de encontro a tudo o que está estabelecido em relação à evolução das línguas, se opõe a realidade que não exige demonstrações.