205. Cair num engano, conserva no Nordeste, a mesma acepção quinhentista empregada por Camões.
Eu, que cair não pude neste engano,
(Que é grande dos amantes a cegueira).
Os Lusíadas. V. 54.
Cair no engano significa aí dar pelo engano, tomar conhecimento dele.
Diz o matuto: "Eu onte quebrei pula varêda, qui guano vim caí no engano já tinha andado meia légua".
206. Os verbos em iar tomam todos um e antes do i, no indicativo e subjuntivo presente e no imperativo, por analogia com os verbos em ear que tomam um i eufônico nos mesmos tempos.
207. Nas emboladas, cocos e desafios, é vulgar começar-se o verso com — diz que. Corresponde a diz-se, indefinido, e é de uso muito generalizado. No Amazonas é correntíssimo, como se vê pelo livro de Raimundo de Morais, Meu dicionário de coisas da Amazônia. Filia-se à sintaxe do velho português e é vulgar entre o povo de Portugal.