Calógeras

de alto relevo, em que do equilíbrio das massas que formam o ambiente, o fundo, destaca-se a personalidade que surge e vive, não qual planta exótica de estufa ou micróbio em caldo de cultura, mas como frutificação natural de seu galho, depois de "ser semente humilde e flor".

Assim é a orientação das biografias de Zweig, e (usando da prata da casa) nessa forma encantadora e sugestiva pintou Nabuco a vida paterna. Por isso ler os que assim escrevem é sentir o renascimento não só dos biografados, mas da época inteira em que viveram, permitindo apreciar, pelo conhecimento das circunstâncias, o determinismo de muitos gestos que em outras situações seriam estranhos, senão incompreensíveis.

E quando o biografado é homem da envergadura de Calógeras, sábio, crente, caráter de lei erguido — como o solitário buriti de Arinos — no pobre campo de barba-de-bode, cupim e formigas vorais que o Brasil precisa matar para que o não acabem matando —, o estudo ainda mais curioso se torna, pelo contraste, surpreendente.

Os artigos de Gontijo de Carvalho, ora reunidos em livro, trazem novo contingente para a história republicana do Brasil, da qual os historiógrafos se afastam, com pavor tabu, sob pretexto de ser muito recente — fraca razão quando vemos estudadas minuciosamente, em copiosa e universal bibliografia, a conflagração europeia de 1914 e a revolução russa. Ambas são de ontem e despertam mais vivas e ardorosas paixões que a República de

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