89, nascida, com ridículo contraste, entre a bestificação do desinteressado povo ignorante e a elite positivista ortodoxa.

Mas aceitando que ainda seja cedo para uma crítica imparcial, não se negará que o momento é propício para se coligirem materiais, compilando memórias, colecionando a vida anedótica, definindo personalidades marcantes da época, para que em tempo hábil se torne possível a construção de edifício sólido. Nos últimos 50 anos da vida brasileira, há muita análise a ser feita, muita observação a se fixar, para que se torne possível à posteridade sintetizar, criticar e julgar serenamente.

Esse é um dos valores da biografia de Calógeras, cuja nítida individualidade demonstra a influência exógena na civilização brasileira, onde o biografado surge, como precipitado de outras civilizações, trazendo para o amálgama das três raças, no crisol tropical, a frialdade dos raciocínios matemáticos, a exatidão rígida e eficaz do cálculo.

Três pontos porém desse estudo interessante e valioso sobrelevam aos demais e exigem especial menção: a capacidade enciclopédica de Calógeras, sua larga visão nacionalista e a conversão religiosa.

Jaspers, professor em Heidelberg, no livro Ambiente espiritual de nosso tempo, salienta que se a intensificação da vida mental contemporânea parece criar possibilidades inéditas e inauditas para o homem, paradoxalmente o número cada vez maior de aquisições ameaça