Calógeras

Empolga porém, mais que tudo, pela significação profunda, a preciosíssima parte desse livro que salienta a personalidade do cristão, ou mais propriamente, do católico.

Trazendo a público a edificante correspondência entre Calógeras e o padre Madureira, estudando com terno coração de crente e amigo a conversão do biografado, Gontijo de Carvalho presta inestimável serviço às letras pátrias e à história moral de nossa época. Nesse evolver-se para a perfeição, convertedor e convertido igualam-se na elevação cultural, na robustez do espírito — defrontam-se, sem desproporções, como dois cimos altaneiros da mesma cordilheira mental. Seguir-lhes a meditação e o raciocínio é sentir bem a época de renascimento para a qual, manifestamente, caminhamos, após duras e penosas tentativas de fórmulas estéreis e hipóteses cerebrinas.

Dir-se-ia que a conversão de Calógeras é (perdoe-me o atrevimento) uma palingenesia espiritual. Sente-se, em passadas gigantescas, dentro daquela grande alma que se ilumina cada vez mais, ao se aproximar dos postulados católicos, a ontogênese desta época na qual, em muitas atividades humanas, há um retorno para o manancial fresco e dessedentador das verdades imutáveis.

Fatigada da embriaguês da egolatria, farta de experiências dolorosas e infrutíferas, a humanidade quer após longa refrega — respirar de novo ares oxigenados e puros. O filho pródigo, desiludido de miragens, cansado de artifícios, volta a repousar o coração exausto à

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