Calógeras

Calógeras timbra sempre com lealdade em afirmar a sua ignorância religiosa e, com o coração nos lábios, confessa humildemente: "O amigo pensa que falei em minha ignorância por falsa modéstia. Infelizmente, não é assim, nem a modéstia caberia em assunto tão grave. É real o que aleguei. Ou antes, a situação é pior: a do meio ignorante que mal sabe os títulos de capítulos de uma obra que desconhece. Historicamente tive de ler umas tantas coisas, mas a linguagem comum, a do historiador também, não é a da Igreja, e muito possível é que certas coisas, que minha inteligência não compreende, não sejam mais do que ignorância do sentido que a teologia lhes dá. Ora, precisamente, é de um desses casos que vou tratar.

Como o amigo tem visto, nada sei fazer a meio. Age quod agis, é ponto de fé para mim. Quando me dou, é sem reservas covardes.

Não é o mistério que me abala: o mistério é o normal da vida, para quem sabe ver. É a explicação, tentada em certos casos, que meu espírito não entende.

Reproduz-se em mim a antiga disputa dos primeiros séculos da Igreja, o conflito entre os

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