Ensaios de etnologia brasileira

o tipo materno e nos filhos o tipo paterno. Os Karajá e os Tapirapé, quanto pude observar, não se misturaram ainda com os brancos.

Se, por fim, tentamos considerar em geral as possibilidades da mudança de cultura entre os índios no Brasil, na medida em que é efetuada pela influência dos brancos, temos de ponderar os interesses motores que determinam a relação recíproca das duas raças.

Desde o começo da conquista os brancos se esforçaram por conseguir trabalhadores por meio da assimilação dos índios, ou assegurar para si a posse da terra por meio da exterminação de tribos inteiras. Ambas as tendências conservaram-se com força igual até hoje, e têm seus defensores em quase todos os círculos que se ocupam da questão dos índios. É verdade que à exterminação opõe-se a atividade de missões cristãs e da Comissão de Proteção dos Índios criada pelo governo. Essa atividade visa e assume formas filantrópicas de assimilação. Se, além disso, há hoje uma tendência cujos representantes desejam o isolamento permanente e completo dos índios, faltam, por enquanto, necessidades bastante fortes para dar-lhe peso, porque ela só é patrocinada por aqueles que estão embaraçados por escrúpulos sentimentais, em falar, sem disfarce, a favor da exterminação, ou, então, por alguns etnólogos que temem pela conservação do seu material de estudo, ou, por fim, por essas criaturas românticas que querem pôr os interesses dos índios acima dos interesses de sua própria raça.

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