As ideias de Alberto Torres

Netto, Antonio Torres, Carlos Pontes, Mendonça Pinto e eu, o menos frequente e o mais esquivo de todos, e talvez o que tivesse maiores pontos de dissidência com o pensamento de Torres. Nesses serões, às segundas-feiras, era Torres, em regra, quem falava; nós ouvíamos, limitando-nos, uma vez ou outra, a aproveitar a oportunidade, aliás rara, que se abria, para interferir com um aparte. Torres tinha uma palavra fácil, colorida, vibrante, fluentíssima, de uma fluência quase incontida e incoercível. Falava alto, em tom oratório, como se estivesse em estado permanente de exaltação. Uma das coisas que mais me impressionava em Torres, nestas palestras feitas ao modo de discursos, era a facilidade, mais do que isto, a segurança absoluta com que ele, depois de pontilhar a sua exposição com uma série de interrupções, digressões e devaneios incidentes, voltava ao tópico inicial, retomando o fio do raciocínio inconcluso, para continuar o seu pensamento, expondo-o com lucidez perfeita, e ardente, exaltadamente, como sempre.

As ideias de Alberto Torres - Página 11 - Thumb Visualização
Formato
Texto