instrumental e as normas as mais consagradas de trabalho. Tão perfeita essa orientação do grande climatologista brasileiro que, até hoje, ninguém ousaria alterar-lhe as linhas gerais, todas obedientes às melhores práticas observadas nos países mais adiantados.
Logo nos primeiros anos de existência da nova Diretoria, verifica-se que Morize orientava de preferência os trabalhos meteorológicos para o lado da climatologia. Cultor apaixonado da física experimental, interessavam-no igualmente as observações de radiação solar e eletricidade atmosférica. A geofísica, já explorada antes da reforma do Observatório, continuou a merecer toda a atenção do Diretor, o qual encontrou em Alix Lemos, proficiente e estudioso cooperador. A Meteorologia dessa época, entretanto, já comportava muito maior desenvolvimento. A rede já facultava os ensaios preliminares de estudos em cartas sinópticas. As altas camadas atmosféricas já poderiam ser sondadas em um ou outro ponto do país, com despesa ao alcance das verbas disponíveis. Não havia razão para deixar morrer a feliz iniciativa de Americo Silvado, na senda duma meteorologia marítima rudimentar, graças às observações realizadas pela Armada. Tudo isso já constituía trabalho normal das grandes organizações meteorológicas. Essas novas atividades valeriam por si, por suas aplicações e até mesmo para os estudos mais preferidos do grande climatologista, esclarecendo-os e explicando-os. Sairia a discussão climatológica, destarte, dos moldes arcaicos, e nas mãos hábeis de Morize, seria mais digna do aparelhamento que ele tão bem soube criar e desenvolver.
Morize sempre fora cético quanto à meteorologia sinóptica. Tinha-lhe mesmo aversão, e não procurava familiarizar-se com os esforços do gênero, de institutos similares. A sua polêmica com Silvado, os seus escritos e a sua atitude de franco desinteresse persistente, estão aí para demonstrá-lo. Até 1914 ainda recorria à evasiva singular de que