a mentalidade do funcionalismo, a mentalidade dos governantes, as deturpações do regímen, a mais completa ausência de continuidade da ação ministerial, a politicagem, o favoritismo, os gambitos e a capoeiragem dos relapsos, o despotismo incrível do informante que opina e resolve, num maquinismo absurdo quanto ridículo, e neutralizante de toda a autoridade; a covardia moral de chefes subservientes e louvaminheiros a soprar o braseiro da arbitrariedade macia, mais do alto, em detrimento dos chefes desassombrados e sinceros, fiéis à causa pública, e não à cauda cometária que passa; a pressão branca das antessalas, exercida com real ou falsa procuração; a choraminga orçamentária aos pés dos dois poderes, entremês de cada exercício; tudo e tudo, até mesmo o mimetismo indispensável, para que o lobo não devore a ovelha negra...
"Por verem que o esforço de nada vale na carreira, perdem o estímulo, e só um ou outro servidor inflexível do Dever, herói a seu modo, conserva a superioridade moral precisa para não se deixar vencer pelo ambiente". Assim se referiu Calógeras ao funcionário público espoliado (*).Nota do Autor Que diremos do dirigente apaixonado pelo seu métier, constrangido ao papel de funâmbulo para poder fazer aquilo de que lhe incumbiu o Estado, cujos mandatários são os primeiros a lho embargar? Que diremos do dirigente identificado com o seu trabalho, arrastando aos pés todo o peso dos vícios de nosso meio oficial, e marchando, quand même, graças aos mais difíceis e engenhosos artífices a serviço de férrea vontade?
A racionalização da técnica administrativa oficial no Brasil, se não toma em consideração as nossas falhas morais, os nossos vícios de classe e os nossos prejuízos sociais, nada conseguirá, absolutamente nada, como nada havemos de lograr