e embaraçosas. Como o general, o político precisa também, por vezes, saber aproveitar da confusão e da indecisão do adversário, para dar-lhe o golpe pronto e certeiro, que o inutilizará para sempre. Rio-Branco era desses. Tinha ousadia e presteza nos golpes como raros. "Tenho-me na conta de um valente", dizia ele a Cotegipe, quando este o acusava de timidez, perguntando, ao mesmo tempo, se Cotegipe acaso não confundia timidez com prudência - "que é a minha balda", acrescentava.
Rio-Branco era o homem de Estado por excelência. Aliava a uma soma bem rara de qualidades pessoais, os mais sólidos predicados de cultura e de visão política. Todos o respeitavam pelos seus conhecimentos em administração pública, sobretudo em ciências administrativas, em finanças e em economia política, disciplinas sem a posse das quais ninguém pode aspirar conscienciosamente o título de estadista. Seus adversários os mais exaltados jamais deixaram de lhe tributar um respeito, que se não tem sempre na vida política do Brasil. Parecia repetirem a frase de Robert Peel, em pleno parlamento da Inglaterra, com relação a Palmerston, seu grande adversário: "Nós todos aqui nos sentimos orgulhosos dele".
Como orador parlamentar, era sem dúvida dos maiores do seu tempo. Os estudos de engenharia que fizera, quer dizer, o trato com as matemáticas (Rio-Branco era engenheiro militar), dava-lhe aquela admirável força de argumentação, concisa, clara, incisiva, que raramente oferecia uma brecha por onde pudesse penetrar a contestação do adversário, e que o tornava, por isso, na tribuna