Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro

dispersão de esforços em torno da conquiliologia, a que se dedicavam doutos e simples curiosos.

Discutiu o costume generalizado, para lhe apontar as falhas nocivas, consoante a finalidade que atribuira à ciência, posta a serviço da economia geral.

Atitude pragmática, de súdito de monarca pobretão.

"Em quanto a mim nenhum obséquio faz à Filosofia, quem estuda por deleitável."

E ajunta, mais incisivo, "o grau de aplicação, que merece uma ciência, mede-se pela sua utilidade."

Define-se-lhe, em tal conceito, a diretriz que seguirá, convicto de subordinar as cogitações científicas ao interesse material.

Todavia, por singular antítese, o ensaísta que pretendia conter a própria atividade intelectual nos domínios do utilitarismo, era o mesmo que maiores provas daria do seu desprendimento pessoal.(12) Nota do Autor

De momento, porém, assombrado com a vastidão dos assuntos a estudar nos três reinos naturais, em que Portugal tentava os primeiros passos, lastimava a aplicação de esforços em colecionar conchas, cujos préstimos recordou, em erudita recapitulação.

Insignificantes, não compensavam o trabalho dos colecionadores, cuja exigência crescera de tal maneira, que não lhes merecia lisonjeiro conceito o naturalista inexperto na classificação dos espécimes levados a sua presença. Contra os excessos em moda, quando outras questões mais prementes feriam a atenção dos sabedores, arremeteu conceitos golpeantemente desabonadores do amadorismo antieconômico.

"Assim, a conquiliologia nada encerra que seja capaz de roubar o tempo, a aplicação, as despesas com preferência a outros exames." Erraria quem lhe atribuísse, contudo, a intenção de banir das cogitações dos sábios, o estudo dos minúsculos seres, cuja reabilitação não

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