Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro

Andaria em coleta, como determinara previamente, até pelas dez horas, quando se recolheria à barraca onde começava, então, a faina taxidermista e de risco.

Aí seria então servido o jantar, geralmente frio.

Pelas três da tarde "tomada então a sua vestia e calção de anta, depois de escorvadas as suas pistolas, ou as espingardas, é tempo de continuar a marcha", para o viajante esperto que avançaria, com foiceiros à frente, instrumentos ao meio, e naturalistas à retaguarda, atentos a possíveis assaltos.

Ao pôr do sol, já iriam escolhendo sítio apropriado ao pouso, onde, armada a barraca, tratariam os sabedores de pôr em ordem os seus bichos e plantas, enquanto os índios cuidavam da bagagem, e o cozinheiro da derradeira refeição diária.

Salvo esta e a primeira, ingerida pela manhã, só encontrariam, durante o dia, comida fria, manipulada pela madrugada.

Estas referências evidenciam atenção de miniaturista, a quem não escapam os prudentes pormenores, que o fazem recomendar silêncio absoluto à noite, vedada a conversa perturbadora do repouso alheio, o uso da cama de pés de ferro, para evitar a umidade do solo, colchão de cabelos, forrado por fora, de carneiro ou marroquim. Código de "viajante esperto", também o é sanitário, e até moral, com as suas recomendações tendentes a manter a boa camaradagem entre os expedicionários.

As quintas-feiras seriam consagradas exclusivamente a serviços no próprio abarracamento, que, por exceção, nesse dia não se mudaria.

Os especímenes inteiramente preparados seriam devidamente acondicionados para próxima remessa, e os outros receberiam os cuidados reclamados pela sua condição. Os desenhistas completariam então os seus serviços. O relatório mensal registraria a marcha realizada, bem como o resultado da colheita respectiva. Ao cabo,

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