Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro

solicitações. A percentagem dos que pereciam no decurso da transplantação, levara Aublet a sugerir a intensificação do tráfico negreiro para o abastecimento das Guianas, cujas condições peculiares observou atentamente.

"Amparado na opinião do seu colega francês, que "tinha empregado os sete anos, que vão desde 1745 até 1752, em estudar em Paris o mesmo que eu, na Universidade de Coimbra, a Química, a Mineralogia, a Botânica e a Zoologia", comenta, "tenho dado a ler a tradução acima para tirar esta conclusão que sendo poucos os escravos que entram em Estado, e morrendo nele muitos de doença, são muitos mais os que morrem garrotados às mãos da avareza e crueldade dos senhores; a fome e a nudez são os seus males ordinários."

À míngua de subordinados, negros escravos, ou índios assalariados, acrescia o desconhecimento dos agricultores improvisados.

Não se fizera a colonização com famílias acostumadas à faina agrícola de Portugal.

"De sorte que, estanciando no Pará, copiaram os rudes métodos de trabalho dos Tapuias, que desconheciam "o arado, a charrua" e outras "máquinas mortas", como também as "máquinas vivas", de tamanha aplicação na lavoura, que não dispensa o auxílio do boi, do camelo, do cavalo, e animais de análoga utilidade. "Cultivar a terra neste país, diz ele, endossando opinião de Aublet, é por assim dizer descascá-la."

Deficiência de trabalhadores rurais, dispersão da energia de muitos na exploração das "drogas do sertão", a rotina sobranceira às inovações agrícolas, a insegurança do transporte, em canoas fragílimas, tudo concorria para manter o atraso injustificável que o fazia refletir:

"Que é com efeito a Agricultura?"

Alexandre Rodrigues Ferreira. Vida e obra do grande naturalista brasileiro  - Página 57 - Thumb Visualização
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