Reservas de brasilidade

o sabor do araçá, por si só de gosto tão característico, colhido ao depois da escalada de uma árvore enleada de cipós... Para muitos, a fruta, obtida com tanto sacrifício, passaria a desmerecer no paladar, mas, para nós, o seu sabor se enriqueceu de uma maneira toda especial e não na daríamos por preço algum...

Tal exemplo nos serve de paralelo com as impressões inesquecíveis deixadas após as viagens com tanto sacrifício feitas, umas na "Terra da Promissão" de Humboldt, outras em Mato Grosso, gleba de fronteiras vivas e de ambiente tumultuário. E, nem poderíamos definir as nossas impressões de outra maneira, tantas foram as que ficaram desencontradas.

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Fazer um livro de viagens já é coisa corriqueira. Não há, por aí quem não tenha feito o seu. Nisso não vai mal algum; cada observador focaliza aquilo que o seu sensório mais absorveu. Sobre o Amazonas, então, a biblioteca já é numerosa: há bons e maus trabalhos. O que admira, entretanto, é a fantasia desmedida, sempre para pior, de alguns e a coragem de afirmar de quem nunca viu com o espírito despido de ideias apriorísticas. Para muitos o Amazonas é um inferno e Mato Grosso o paraíso do crime; para nós são parcelas da grande pátria, dignas de estudo e carinho, por guardarem zelosamente muita reserva de brasilidade.

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