Reservas de brasilidade

Vencemos agora um mar claro, misto de água doce e salgada, nessa expansão magnífica que se chama a Baía de Guajará. Aproamos Belém. As margens, apequenadas no cenário grandioso, em monotonia constante, mancham em barra escura a linha do horizonte. Mais um pouco de marcha, trepidando o vapor na luta de vencer a resistência da corrente, e avistamos o casario da cidade.

Belém é uma cidade velha, onde o gosto dos seus filhos, a pouco e pouco, amenizou as linhas antigas com a graça dos jardins modernos e ruas largas com edificações monumentais. Para quem aborda a cidade a impressão é a de encontrar uma cidade colonial; as surpresas, entretanto, vão chegando lentamente. Passados, a bombordo, os estaleiros da Amazon River, amontoado de velharias sujando as margens mimosas, descortina-se o cais da cidade — as linhas rígidas da Port of Pará. Mais umas voltas à hélice e Belém moderna, em toda a sua grandeza, aparece. Logo atrás dos armazéns do porto uma grande avenida se estende, marginada pelo casario de muitos andares que lhe empresta um aspecto de grandeza. Para cima, rumo do centro, descortina-se outra grande artéria. Os bondes passam repletos, o movimento de automóveis é intenso. Nota-se logo que estamos em face de uma grande capital. E, realmente, Belém boje é uma cidade que disfarçou os resíduos coloniais com um arranjo inteligente de urbanismo. Ruas largas, avenidas majestosas, arborização cuidada, construção moderna; nada falta à cidade para ser, como é, uma das primeiras

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