História social do Brasil: a época republicana - Tomo III

Nessa instabilidade oscilavam o sentimento público, as convicções coletivas, os programas dos partidos. O mal-estar do "após-guerra" roçava-nos com o seu contágio mórbido. A profunda subversão do velho mundo agitava-nos a sensibilidade fácil. As mutações de cena bruscas e atordoantes excitavam a nossa imaginação vivaz. É de 1922, simultaneamente, o grito de Graça Aranha em S. Paulo (fevereiro) pelo modernismo literário, prólogo do seu rompimento rumoroso com a Academia (simbolizada na helênica serenidade de Coelho Neto) - e a reação tradicionalista da arte que se consubstancia no "estilo colonial". A juventude aceita, destemida, um futurismo inestético que foi exagerado, petulante e efêmero; e a cultura conservadora não resiste seriamente às imposições duma época revolucionária. Uma palavra híbrida vem da Alemanha e surpreende os liberais: social-democracia. Dir-se-ia que a experiência da Guerra se cristalizara nas tábuas da lei nova: a Constituição de Weimar, de 1919. Como se combinaria essa flor de decadência com os princípios postulados pelos fathers americanos? Que consequências teriam para estas plagas atlânticas a liquidação dos Impérios centrais, a metamorfose europeia?

Em contraste com a inquietação profunda e geral, as luzes duma Exposição magnificente mostravam ao mundo as nossas realidades econômicas. O esplendor das indústrias. As cifras agrícolas. Os índices urbanos. Potencial, instrumentos e sínteses dum progresso que nos enchia de orgulho. Festa de raça, além disso. Porque exibia, através das vicissitudes duma evolução extensa, as

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