História do Brasil T1 - As origens (1500 - 1600)

I

QUANDO A EUROPA NÃO BASTOU


A batalha de Aljubarrota separa em duas épocas a história de Portugal.

Vencendo os vizinhos castelhanos e consolidando a monarquia firmemente nacional, D. João I não foi, como seus antecessores da casa de Borgonha, um tormentado pelo problema da defesa da terra pátria, contra terríveis adversários, ora da fé, os árabes, ora da independência portuguesa, os espanhóis, que lhes não deixaram tempo nem tranquilidade para pensar nos segredos do oceano.

Até o decisivo choque de Aljubarrota Portugal é um reino estreito, aflitamente limitado pelas suas próprias guerras, frequentes e incertas, que bem se simbolizava no fidalgo rural, a cuidar do seu campo sem desamparar a espada, por isso incapaz de rebeldias, inconfidências e motins que, a essa época, caraterizavam a balbúrdia feudal.

Ao raiar o século XIV, porém, as mesmas dificuldades do período heroico em que se formara a nação a haviam unificado, antes das demais da Europa, retalhadas pelas rivalidades de classes e poderes, e um príncipe forte, popular e inteligente dispunha habilmente de um exército, de uma pequena esquadra, de um país organizado pelo melhor modelo dos municípios autônomos, e de uma próspera economia. Assim possante el-rei D. João, que tinha suficiente juízo para não provocar a outras lutas os de Castela, e demasiada ambição para contentar-se com uma paz medíocre,

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