ou desaproveitado dos portugueses:(1) Nota do Autor inclui-se na turma de estrangeiros que tiveram por escola os estaleiros de Lagos, o périplo africano ou as notícias de marinharia de Porto Santo, dos Açores, de Lisboa, como Martim Behaim.
A sua teimosia em procurar o mesmo caminho da Índia, não pela cabotagem d'África, mas de longada pelo Atlântico, é genial: mas resulta dum erro alheio.
O responsável científico da ilusão de Colombo foi Paolo Toscanelli, o reformador da física que, em Florença, se convertera em profeta e mago dos descobrimentos.
Em 1474 - realmente - fora D. João, príncipe herdeiro, investido na administração dos negócios marítimos do reino, e um cônego Fernão Martins, seu familiar, consultou o sábio florentino sobre o mais próximo percurso para a Índia. Atribui-se a Colombo ter também escrito a Toscanelli, que lhe respondeu (e a carta foi publicada pelo filho do almirante, Fernando Colombo) reproduzindo o que mandara dizer ao português: devia-se abandonar o caminho, mais comprido, ao longo da África, e rumar para o ocidente, até Cipango (Japão), que ficava muito mais perto do que imaginavam os homens do mar. Juntaria à epístola um mapa quadriculado, fixando a posição de Cipango em sítio onde se achariam as Antilhas (nome que Toscanelli dá à fabulosa ilha das "sete cidades"). Na sua medida, que fazia bem menor a esfera, uma distância apenas de quinhentas léguas separava aquela ponta da Ásia da zona de navegação ibérica. Reputava portanto fácil e indispensável a travessia do Atlântico em